I wrote this piece in my journal on February 5th, when in Shillong, Northern India.
Earlier this morning, a proverb about a teacup was told to us and something sparkled.
There was a wise Zen master that received people from all over to teach all sorts of life lessons. One day, a scholar came seeking for advice, but as soon as the master would try to speak, the man would interrupt him. Full of answers and obsessed with his own stories.
Then, the master offered the scholar tea and poured the guest a cup. The cup was filled, but he kept on pouring until it had overflowed onto the desk and the floor.
"Stop it! Can't you see the cup is filled already?"
"You're just like this cup – so full of ideas that nothing else will fit in."
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I landed in India so full of absolute truths. Assumptions, plans, possessions, expectations, and ego. So full of myself, even though I felt unusually empty.
I knew how I wanted India to be and expected India to follow my plan – classic. Full of expectations for my future, my family, myself. That I would fight for a love, whatever it took. That I would do things my own way.
And to make me learn, this land made all that absolute truth storm away. As cliche as it can possibly be, India has thrown me apart, up and down, so I could pick up the pieces myself. How can one experience anything if they are so self-involved?
The step of losing control was life emptying my cup – now I understand. Imagine how many teacups of chai I would’ve wasted if I kept thinking all the right answers were mine?
Once I heard that, when in India, one learns how to walk. I’ve been trying to.
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Escrevi esse extrato no meu diário no dia 5 de fevereiro, em Shillong, norte da Índia.
Hoje de manhã, nos contaram um provérbio sobre uma xícara de chá e algo me fez entender.
Existia um mestre Zen que recebia pessoas do mundo todo e as ensinava várias lições sobre a vida. Um dia, um professor veio à procura de conselho, mas assim que o mestre começava a falar, o homem o interrompia. Cheio de respostas e obcecado com suas próprias histórias.
Então, o mestre o ofereceu chá e assim o serviu uma xícara. Mesmo com ela já cheia, o mestre continuava derramando o chá, até que já tinha transbordado na mesa e no chão.
“Pare! Não está vendo que a xícara já está cheia?”
“Você é assim como essa xícara – tão cheio de ideias que nada mais se cabe.”
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Eu desembarquei na India cheia de verdades absolutas. Pretensões, planos, posses, expectativas e ego. Cheia de mim, embora me sentisse excepcionalmente vazia.
Eu sabia exatamente como eu queria que a India fosse e esperava que a Índia seguisse meu plano – clássico. Cheia de expectativas pro meu futuro, pra minha família, pra mim. Que eu iria lutar por um amor, custasse o que custar. Que eu faria as coisas do meu jeito.
E pra me fazer aprender, assim na marra, essa terra fez todas essas verdades absolutas desaparecerem. Por mais clichê que seja, a Índia me jogou, de um lado pro outro, cima e baixo, para que eu pudesse juntar meus próprios pedaços. Como que alguém pode viver qualquer coisa se passa tanto tempo na própria cabeça?
O processo de perder o controle foi a vida esvaziando minha xícara – hoje eu entendo. Imagina quantas xícaras de chai eu teria transbordado se continuasse pensando que todas as respostas certas eram minhas?
Uma vez ouvi que, quando na India, se aprende a andar. Eu venho tentando.